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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Brisa


Lápis de pastel sobre papel

Hoje, estava sentada na janela de meu quarto, há muito tempo que já não fazia isto.
O céu tem algumas estrelas, na estrada passam alguns carros, o rio está calmo, ouve-se ao longe um cão a ladrar, sopra uma brisa fresca que parece acalmar-me.
Esta brisa faz-me lembrar a minha infância. Lembro-me de até aos cinco anos acordar cedo para ir com a minha mãe deitar comida as galinhas, e por estranho que pareça, o meu pequeno-almoço era um ovo cru, daqueles que a minha mãe ia tirar ao galinheiro logo de manhã. A brisa que soprava nessas manhãs é como a de hoje, apesar de já estar de noite.
Não é quente mas aconchegante, é uma brisa que traz saudade, recordações, alegrias e tristezas de uma criança que ainda vive em mim.
É diferente das outras, é uma brisa com aromas, dos quais consigo identificar alguns: o aroma do orvalho que cai na terra e refresca as plantas; o aroma das manhãs que antes de o sol acordar, ainda está fresco.
Esta brisa faz-me lembrar as desfolhadas, as vindimas, as aventuras de uma criança que sonha mudar o mundo; faz-me lembrar as alegrias de quando era uma menina, a alegria de acordar e ver a senhora que a minha mãe cuidava, a quem eu chamava avó, apesar de não o ser; a alegria de poder abraçar a minha mãe; a alegria de poder brincar com a terra e subir as arvores, comer os seus frutos doces, de sentir o cheiro das flores nas tardes de Verão, de poder ver a chuva a cair de Inverno, de poder correr para as primeiras flores da Primavera, de coleccionar as folhas de mil corres do Outono, de correr pelos campos como se pudesse correr para sempre por entre a erva verde, como se o tempo passasse por mim sem me levar com ele, como se eu pudesse ser criança para sempre, ser livre. Esta brisa é a brisa da minha infância, a brisa das recordações. A noite está linda e eu estou feliz.....

Cristina Pereira (Cristalia)

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